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O presépio tradicional do Algarve nada tem a ver com o cenário da gruta de Belém a que o resto do país chama presépio. A contrastar com este quadro de figurinhas elaborado ao pormenor, o presépio "serrenho" apresenta-se simples e sóbrio, armado em escadaria, com o
menino Jesus em pé no alto.


Nas casas mais abastadas, os degraus são cobertos com toalhas de linho rendadas e bordadas à mão,, mas também nas mais humildes se arma um altar modesto, sobre uma cómoda coberta com uma toalha de renda branca, com o menino ao centro rodeado de searinhas, laranjas e flores.


As searinhas são semeadas a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, colocando alguns grãos de trigo, milho, centeio ou alpista em pequenos pires de louça ou de barro. Mal germinam, são cuidadosamente mantidas até ao Natal e usadas para decorar o presépio.


No dia de Reis, as searinhas são transplantadas, com votos de boas colheitas para o ano novo que se aproxima, mas nunca dão espiga. Só se aproveitam as palhas que, segundo a crença popular, depois de cozidas são remédio para todas as dores.


Além do presépio tradicional, os presépios de origem franciscana estão também muito difundidos na região e dão lugar a diferentes encenações, fruto da imaginação de cada um.
Utilizando os materiais que a natureza oferece, o engenho popular cria presépios de cortiça.
Entre o dia de Natal e o dia de Reis, as pessoas vão de casa em casa entoando cantares frente a cada presépio e levam consigo um balaio com o Menino Jesus, para as pessoas beijarem e contribuírem com uma esmola.


Aqui, ninguém com mais de 30 anos se lembra de comer bacalhau no Natal. O bacalhau, cozido com batatas e couves, só ali chegou em tempos mais recentes, e, quando havia, era guisado ou com molho de salsa.
O que se come ao almoço no dia de Natal é galinha de cabidela com batas ou galinha cerejada, acompanhada por fatias de pão caseiro, e carne de porco frita, com amêijoas e berbigões abertos na chapa. O ensopado de galo também é um prato típico da quadra, tal como o
bacalhau guisado, o arroz cozido no caldo do guisado e o repolho.


Seguem-se os tradicionais doces fritos - as filhós, os pasteis de batata-doce ou azevias, as fatias douradas e os bolinhós.

 

Charolas e Balaios 
Na quadra natalícia, o povo dançava e cantava ao Deus Menino – isto é a charola. Os cantares natalícios tradicionais da região algarvia aparecem associados aos grupos de cantadores - charolas e joldras. 
Entre o dia de Natal e o dia de Reis, as pessoas vão de casa em casa entoando cantares frente a cada presépio e levam consigo um balaio (cesta rasa de verga) com o Menino Jesus, para as pessoas beijarem e contribuírem com uma esmola. 
Em São Brás de Alportel, Faro, Loulé e Olhão ainda se encontram as crianças a transportarem o menino dentro de um balaio, perfumado, enfeitado com folhas de nespereira. 
“Queri bêjar o menino?”, perguntam, e cada pessoa dá a esmola. 
Quanto às charolas, estas perderam hoje em dia a vertente da dança e, em muitos casos, os grupos já não levam o menino Jesus. Um principiador levanta o canto e todos respondem em coro. 
Apresentam um canto obre um mistério da infância de Jesus: nascimento, anunciação, fuga para o Egipto e a vinda dos magos. Além do “canto velho”, já vindo de remotos tempos, todos os anos se estreiam outras músicas: “canto novo”, marchas e valsas. 

Peixe em Olhão 
Em Olhão, a tradição ainda manda: na Noite de Natal o litão, um peixe da família do tubarão e típico desta zona do Algarve, continua a fazer as delícias de muitas famílias na noite da consoada, em alternativa ao bacalhau. 
Outrora era considerado "o prato dos mais pobres", mas hoje já ninguém o dispensa, apesar do preço elevado que atingiu. 
O litão tem de secar ao sol antes de ser confeccionado à moda de cada um, com cebola e alho, entre outros ingredientes, sendo acompanhado por batatas cozidas. No dia 26 é a vez de o galo de cabidela encher as mesas dos olhanenses. 
Ao nível da doçaria, os pastéis de batata-doce, típicos de Aljezur, e bolos caseiros são dos mais apreciados. De resto, a batata-doce serve de ingrediente para muitas especialidades algarvias na quadra natalícia.

O Natal do Algarve

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